Bronze e ar

A partir da escultura Água parada (2011), de Nic Fiddian-Green

De que nuvem ele veio,
esse cavalo sem corpo?

Só a cabeça se vê,
só a cabeça se dá.

Essa cabeça de bronze,
oca de sangue e de vísceras.

Essa ausência de carne,
essa ausência de ossos.

Nada de dentro – silêncio.

A água parada na pedra
a boca bebe sem pressa.

Sempre o mesmo momento,
sonho esculpido no espaço.

Nada de dorso e de patas,
nada de crina e de cauda.

Só a cabeça se vê,
só a cabeça se dá.

Mas o olhar sabe cavar
todo o cavalo do ar.