Le bien vieux / O velho bem velho

Le bien vieux

J’avais bien vu des vieux et des vieux
avant de placer mes deux mains
dans celles de celui qui sait lire le Sort
dans les paumes,
avant de les lui offrir
pour qu’il y cherchât les monts et les plaines
cultivés par mon étoile.

J’avais bien vu des vieux et des vieux,
mais pas un comme celui-là.

La nuit de ses cheveux d’antan
était remplacée par la pleine lune de sa calvitie,
entourée d’un mince buisson blanc;
et sa bouche qui ne savait plus parler
qu’aux ancêtres qui l’attendaient,
balbutiait comme celle d’un enfant,
bien qu’elle révélât l’Inconnu.

Que pouvaient encore voir ses yeux louds des jours vécus?
Captive y était sa jeunesse,
captive sans espoir d’évasion!

Et quand il me regarda, quand il explora les monts et les plaines
dans le creux de mes mains,
quand son regard éteint croisa le mien
et y devina une flamme pacifique,
je crois encore que sa jeunesse s’y débattait,
s’y débattait en pure perte!

Mais non! la captive put briser ses liens
et fut délivrée:
elle était réincarnée dans la mienne
selon la croyance du bien vieux
qui se mirait en moi.

O velho bem velho

Eu já tinha visto muitos e muitos velhos
antes de pôr minhas duas mãos
naquelas daquele que sabe ler o Destino
nas palmas,
antes de oferecê-las a ele
para que nelas buscasse os montes e as planícies
cultivados por minha estrela.

Eu já tinha visto muitos e muitos velhos,
mas nenhum como aquele.

A noite de seus cabelos de outrora
dera lugar à lua cheia de sua calvície,
cercada por uma escassa e clara moita;
e sua boca, que já não sabia mais falar
senão aos antepassados que o aguardavam,
balbuciava como a boca de uma criança,
embora revelasse o Desconhecido.

Que podiam ainda ver seus olhos densos de dias vividos?
Cativa neles estava a sua juventude,
cativa e sem esperança de fuga!

E quando ele me olhou, quando explorou os montes e as planícies
no côncavo de minhas mãos,
quando o seu olhar sem brilho cruzou o meu
e nele intuiu uma pacífica chama,
creio ainda que no seu a sua juventude se debatia,
se debatia em vão!

Mas não! a cativa conseguiu romper seus nós
e foi libertada:
ela havia reencarnado na minha,
segundo a crença do velho bem velho
que se mirava em mim.