Silêncios sem alicerce
Eu sei do peso dos livros, quando dormem comigo.
Não são homens. Nem só nomes.
Let us go then, you and I…
Começa agora a floresta cifrada:
vont explorer une forêt les yeux, le cœur,
l’esprit, les songes…
Nem sempre é noite lá fora, quando folheio a floresta.
E a selva que me atravessa é seiva a escorrer no corpo.
(S’il était moins sauvage, nous serions sauvés!)
Qualquer corpo serve para viver as emoções humanas –
qualquer corpo.
Cuánto miedo cabe en un cuerpo humano –
qualquer corpo.
O medo, dom difícil de domar, não é só talento meu –
trago em mim raízes da raça.
(Ognuno sta solo sul cuor della terra.)
Vejo-me no espelho de páginas.
Sei de mim? Cumpro.
Narciso? Nem sempre.
Eu tinha me debruçado na janela,
para poder não presenciar o mundo.
(Plutôt oiseau que pájaro.)
Os livros, janelas entre as paredes das mãos,
são rios de sons e sentidos cifrados.
As mãos podem até se cansar.
O cérebro segura o fardo
e guarda tudo na gruta,
em seus labirintos múltiplos.
Na última página, o ponto final aponta o abismo.
(Há mais perigo nas pausas).
Os rios que quebram as barragens
são silêncios sem alicerce, caindo em meu abismo…
Então sou eu quem se entrega.
Aqui ao leme sou mais do que eu.
Sucumbo sempre.
E il naufragar m’è dolce in questo mare.
We are such Stuff as Dreams are made on…
Meu deserto está cheio de fragmentos que, às vezes, minha areia revela.
(J’ai plus de souvenirs que si j’avais mille ans…)
Não são homens. Nem só nomes.
São silêncios sem alicerce.
Jusqu’aux frontières du sommeil.