Esconderijos em Papéis
Esconderijos em Papéis
Editora Kalango, 2007
“Hoje estou livre/ me exponho ausente/ em esconderijos de papéis escritos.” Com estes versos, o poeta Natan Barreto celebra a liberdade encontrada diante da folha de papel, tendo deixado para trás, do tempo em que exercia a profissão de ator, as “prisões de papéis no palco”. Essa troca de esconderijos tem como resultado um livro no qual o autor compõe o seu autorretrato, indo desde a sua própria gênese, quando o “alvo rio” paterno penetra a “negra terra” materna, ao último adeus a quem lhe deu a vida. Sem medo, sua pena percorre o seu caminho “entre feridas e festas”. E o banho babélico “na lama de muitos idiomas” leva à construção de um “navio de várias árvores”, que viaja longe do país de origem, com os olhos voltados ao novo, porém sem nunca perder de vista o primeiro porto, pois ao homem, que se sabe estrangeiro, “partir é penetrar mais fundo do que quem fica”.
Paulo Henrique Alcântara
Dramaturgo, diretor e professor da Universidade Federal da Bahia