À margem
A partir do quadro Retrato de Jan van Amstel e Anna Boxhoorn (1671), de Abraham van den Tempel
Ele não é ninguém, o quadro assina:
menino, só, sem nome, homem, pajem.
Alguma luz, alguém que se destina
ao nó da escuridão, ao não, à margem.
À margem, onde se apaga a sua imagem,
em volta de outras vidas, invisível,
esconde-se (silêncio sem coragem)
e sente o peso de ser desprezível.
Soltar-se de ser posse é impossível.
Bem preso, vê o fluxo que passa,
tão próximo e distante, insensível,
como se fosse o sangue de outra raça.
E ele, o pajem, à margem, a tudo assiste.
Mas traz em si o sim de quem resiste.