A persistência da memória
A partir do quadro de mesmo título, pintado em 1931 por Salvador Dalí
O tempo preso nas paredes do relógio
degela a jaula de doze sílabas secas,
que se repetem cantando números nus,
que vestem o vasto, marcando cada partícula.
Seguem parados sob o roçar de ponteiros,
galhos sem folhas enraizados no centro,
e embaixo (dentro) todas as vísceras pulsam –
tiques do tempo em contrações do fluxo.
Passando apaga, mas a memória persiste,
congela em jaulas sílabas do que se esvai,
enterra em si sobras, silêncios e vozes.
Mas o deserto desce da pálpebra e despe.