Movimento imóvel
A partir da escultura Escravo – Atlas (1530-34), de Michelangelo Buonarroti
A força pelo corpo que se expande,
ao tentar escapar do estado bruto,
o faz mover-se imóvel eternamente,
pois não se quebra o pacto no tempo.
O mármore nos mente e mostra um homem
que do concreto surge interminado.
Parado no espaço estreito, o gesto,
e nele a luta que atravessa a ausência.
A pedra nunca cede e o ser não sai:
a rima é humana, mas sem riso e lágrima –
parede impermeável, sem fronteira,
entregue ao fundo, à prisão do peso.
Dentro do claro, não estanca o escuro
e o nó no fluxo fixo não desata.