A foz da fotossíntese

Estou no outono
de uma cidade estrangeira
da qual finjo ser filho.

(Fazer de conta é fácil.
Difícil é acreditar.)

E os olhos de turista
que trago
enterrados no rosto
fazem tumulto no túmulo,
excitados pelos tons.

Eu que só conhecia o verde,
vestido de todos os meses,
vejo-o desaprender-se
nos meses finais dos anos.

Árvores amadurecem mansas –
domados sóis que se extinguem…

Descolorir-se é colorir-se –
dourada voz das folhas
na foz da fotossíntese.